7 de agosto de 2013

Amor platônico


 Quase graduado em filosofia, Platão estava a procura do tema ideal para sua dissertação de mestrado. Platão observava as pessoas e o mundo ao seu redor, sentia-se apto para estudar suas relações, julgava-se impenetrável. 
Conheceu Diotima. 
Diotima era professora. A disciplina que ministrava, com frequência, era sobre o AMOR e a pesquisadora era uma referência no tema.
Platão já ouviu diversas teorias sobre o amor, mas ao ouvir Diotima, logo na primeira aula, identificou-se e decidiu o que gostaria de analisar. A cada dia Platão se interessava mais sobre o assunto. Ele ouvia as canções feitas por Diotima, frequentemente passava em frente a sala da professora, olhava mais de uma vez ao dia os emails que trocava com ela sobre dúvidas da matéria e finalmente adicionou-a no facebook. Platão entristecia-se nas demais aulas, pois contava os dias da semana para rever a professora e assistir suas aulas. Ainda que muitos apontassem os defeitos de Diotima, Platão os recusava, desacreditava e todos percebiam que Platão estava decobrindo algo.
Durante as discussões, o filósofo achava absurda a forma como o amor foi concebido. Indignava-se com a corruptibilidade do ser humano, pensava "Como pode o Homem abrir mão de suas virtudes  e da vida transcendental pelo simples prazer? Que prazer é esse?" (mal sabia ele que Freud explicaria isso muitos anos depois), mesmo assim ele permanecia aos pés de Diotima.
Disseram-lhe: "Platão, você está descobrindo uma nova modalidade do amor!" (talvez fosse por isso que a tal professora era uma referência sobre o tema, mas...), ele não deu confiança ao que lhe diziam e contemplava Diotima discursando com os demais filósofos, em conversas mais intimistas no café, rindo, caminhando sob a luz do sol, e quando ela o cumprimentava ele ficava sem jeito. Uma vez Sócrates disse a ele que Diotima dava aulas práticas sobre o amor e não recusava alunos, mas o pobre Platão sentia que a professora nem o notava e dentro de si havia uma imagem perfeita atribuída a Diotima e ele não gostaria de destruí-la. Sofria. O semestre estava acabando e a cada dia sentia-se mais distante de tudo, assim o filósofo mergulhou nos estudos até livrar-se daquilo que estava sentindo.
Por Diotima, Platão conquistou os seguintes títulos: mestrado, doutorado, pós-doutorado e livre docência. Sua ideia reverbera há milênios, tornando-o o famoso filósofo, já consagrado, com a tese do amor platônico.


Amor platônico é, na acepção vulgar, a ligação do amor ideal de Platão, que compreendeu o amor como algo essencialmente puro e desprovido de paixões, sem fundamentos sexuais.

3 comentários:

  1. Amei. Nas parte das aulas práticas sobre o amor eu chorei de rir! Mas, esse final... me deixou na dúvida... acho que meu amor por Sublime não era tão platônico assim kkkkk :)

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  2. Sensacional!
    Explica exatamente a situação que compartilhamos. Mas eu bem que gostaria de sair da esfera do platonismo!

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  3. Sucesso! E as aulas da Diotima me parecem ser mais interessantes :p

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