15 de agosto de 2012

Parabéns



Em plenos vinte e sete anos venho visitá-lo e o encontro dessa maneira. Hoje é seu aniversário e gostaria de conversar sobre tudo como se fossemos amigos de longa data. No meu sonho tínhamos intimidade suficiente para isso. Alguns questionamentos rolam entre nós, ao mesmo tempo uma grande admiração. Conseguimos conversar durante muito tempo, mas minha impressão não era omitida, era impossível mascarar a surpresa.
Eu tive até um pouco de receio em pegar o chinelo perto da cama e pedi para uma amiga, até aquele momento eu você tinha o tamanho de adulto, voz de adulto, era um adulto. Sem querer ela o acordou, já que dormia no chão, e ao me ver você tinha muita vontade de falar e falar comigo, meio sem jeito, querendo entender porque às vezes dormia e outras não na casa da minha tinha aos fins de semana, e nunca nos encontrávamos, saber como estavam os meus projetos, os meus sonhos, e nada fazia sentido, pois não era natural você estar dormindo lá também, mas eu gostava da ideia de poder conversar com você num dia especial. Enquanto falava de mim e sorria muito, ainda que as circunstâncias não parecessem normais, havia muita cumplicidade e amizade entre a gente. Estava sendo importante participar do seu dia especial.

Quando você começou a falar de você, era no tempo presente, escolheu tocar guitarra, sair pelo mundo transformando vidas, mas sozinho. Então ríamos, brincávamos, compartilhávamos projetos ministeriais e quando o olhei de novo você era um bebê, entre a fascinação e o medo tudo continuava normal, mas diferente. Fiquei feliz pelos males da infância não existirem mais. Foi aí que escolhi o real, e então acordei percebendo que, infelizmente, tudo era um sonho e como de costume, não o vejo e nem posso dar lhe os parabéns.