30 de outubro de 2014

O amor é uma loucura


Ah, o casamento!
Toda ou quase toda menina, já que os tempos são modernos, sonha em casar.
É um fato, um dia dois estranhos, que namoram para deixar de ser estranhos, decidem unir as vidas.
Educação, cultura, costumes, tudo muito diferente: se unem.
A decisão naturalmente acontece, mas quando falta pouquinho tempo é que se dá conta: "você vai casar", é uma mistura de sentimentos.
Você conta cada minuto que passa com seus entes queridos, e cada volta pra casa se aproxima da última volta pra casa.
Na adolescência tudo que se quer é estar longe dos pais, da família; quando o casamento se aproxima, tudo que se quer é estar perto.
Aos poucos tudo vai parecendo real, não que não fosse antes.
Você relembra as mágoas e se pergunta se vale a pena, imediatamente vêm as coisas boas respondendo que sim.
Você pensa se vai ou não ter festa, mas sabe que lua de mel tem que ter com certeza. Conta cada centavo pra saber se dá pra fazer tudo com a carinha dos dois, coisas inexplicavelmente boas acontecem e as ruins também. No fundo você só quer uma coisa: que a pessoa com quem você escolheu dividir toda a vida te dê segurança, te faça sentir única no mundo e a mulher mais amada. Se você sentir isso, vai lavar, passar, cozinhar feliz da vida. e ainda estará arrumada e cheirosa quando ele chegar, mesmo tendo trabalhado o dia todo também.
Você idealiza um monte de coisas que nunca saberá como serão a não ser que seja o seu momento de vivê-las. Mulheres têm o dom de criar toda uma história, a partir de detalhes, por isso enlouquecem mais que os homens. Enquanto elas se descabelam, eles sorriem,e como sorriem!
Toda essa loucura chama-se amor, é um sentimento estranho que causa mudanças repentinas e drásticas na vida de duas pessoas e toda sua família. O casamento é o surto psicótico de todo louco que diz amar.

29 de outubro de 2014

Insegurança (parte dois)


Há alguns anos, quando pela primeira vez a escritora falou sobre insegurança, ela a associou ao casamento, disse que toda noiva antes de entrar na igreja pergunta se o noivo já está lá - mas afinal, por que não estaria? E por que, de fato, toda noiva pergunta isso?
Hoje ela parte para uma nova viagem. Constantemente ela sente vontade de viajar, como se de alguma maneira a viagem tivesse alguma relação com a escrita, mas ela não sai do mesmo lugar e pior, a viagem não tem relação nenhuma com a escrita, essa é a desculpa que ela inventa para fugir de si mesma.
Hoje ela decidiu não justificar o texto, cansou-se da perfeição que lhe é exigida (exigida do texto, é claro). Em que medida essa vontade de fugir que sente a escritora relaciona-se com a insegurança? Será que as noivas têm medo de que seus futuros maridos saiam correndo da igreja quando elas chegam? Será que é por isso que se arrumam tanto, pensam que se estiverem bonitas eles terão um motivo a mais para ficarem?
Hoje, quando viajou de uma estação de trem para outra, ela rememorou. Eu estou contando essa história, mas já não sei quem viajou, se foi ela ou a noiva, ou se ela é a própria noiva. Sei que as lembranças de sua família, das mulheres - que não foram deixadas no altar, mas ficaram sós logo depois -, do seu relacionamento - de um homem que parece ser só de uma mulher -, a acompanham dia após dia, e ela sente vontade de escrever sobre isso, mas não sabe.
Elas são medrosas, deixam o destino conduzir esse trem que faz viagens circulares. Avó, mãe, tia, todas casaram, já, já esse trem para na estação casamento. Ela pediu à escritora que elaborasse uma declaração muito bonita, mas de vale as palavras se as ações não corresponderem?