30 de setembro de 2013

Europa


Lá vai ele, a Europa o espera e ele nada espera. Tão simples, deseja saber o que os outros querem de lá, enquanto ele só deseja voltar com um globo de neve. Nada de segurar a Torre de Pisa, nada de esperar a meia noite olhando o Big Ben, sozinho: nada de passear pelas gôndolas de Veneza, nada de conhecer o palácio de Versalles, nada de visitar Auschiwtz. Nada. Quer apenas aprender. O mundo só tem graça quando uma pessoa está por perto. Em meio ao sentimento do nada estão múltiplas expectativas. Uma mala cheia de sonhos, com um futuro que a  viagem pode deixar mais bonito. Estar entre o espaço e o tempo é o hermetismo da vida.


Marcas


Era um senhor negro, de  bigode, tão calvo que sua teste parecia ter dez centímetros. Em seu pescoço havia um colar, usava camisa vermelha, calça e sapato social, e uma jaqueta de esporte. Usava óculos e franzia a testa numa expressão ranzinza, mas no fundo seu olhar era muito doce. Suas mãos batiam no joelho em ritmo de samba, quando não a mão, o pé acompanhava. Não sei qual canção tocava em sua mente. Não sei se seu nome era Noel, Adoniram ou Zé, sei apenas que ele tinha um nome o qual não sei. E uma história. Uma história que, se não foi bonita até agora, desejo que seja.  

Futuro


O futuro mora logo ali. O futuro é alto, gordinho e barbudo. O futuro tem cara de mau, mas no fundo é bonzinho. Sorri. O futuro veste-se de forma engraçada, usa um relógio roxo com um bonequinho no visor, calça social, camisa xadrez, tênis vermelho e uma mochila de skatista. O futuro desejou-me boa sorte e então saí. O futuro e eu moramos no mesmo lugar e de cá pra lá são 100 km. Lá é diferente de cá, mas o futuro está nos dois lugares ao mesmo tempo. Lá é arborizado, de grande extensão e cheio de livros, para um grupo seleto de pessoas. Cá é movimentado, tem cimento por todo lado, é grande, mas sem espaço e muito heterogêneo. O futuro me aguarda para falarmos de uma moça que escreve poemas. O futuro e eu gostamos do que ela escreve, de suas discussões e reflexões, é ele quem vai guiar meu pensamento sobre o que ela escreve ou não escreve. O futuro poeta e ela poeta vê, ouve, fala o que todos vêem e não percebem. Ah, o futuro, espero que correspondamos as expectativas um do outro.