22 de novembro de 2013

Alteridade

um poema feito com o auxílio do google (tradutor)


Oi, sou mulher, quero ser amada
quero um homem rico, quero sexo

Hi, I'm a woman, I want to be possessed, led
I want to marry a gentleman companion

Hola, soy una mujer que quiero jugar futbol
quiero seguridad, quiero ser escuchada

Salut, je suis une femme qui veulent étudier,
veut être évalués, veulent être séparés

Ciao, non so chi sono
mai voluto vivere io voglio morire ora

Errar é humano,
o erro é proposital


eu disse isso?

inspirado nos Bots do facebook

O clássico disse: A eterna e incessante busca pelo contrário
[sabedoria
O pseudointelectual disse: ADAPTAÇÕES SÃO UMA PORCARIA!!!
[leia livros
O engajado disse: A primavera é quando o oficial de justiça chegou na presença de Geraldo Alckmin
[E aí, democracia?
O poeta contemporâneo disse: Vou ficar com o paraíso?
[Talvez o paraíso nada mais seja que um parque...
O policial disse: São bandidos que têm que ter instagram
[#partiu #crime #instaprision
A criança disse: Te desejo tudo de bubbaloo de tuttifruti!
A estudante disse: Eu = zumbi
A ambiciosa disse: NUNCA! Eu conquistarei o mundo!
A doméstica disse: O foda é que lá tem cursos para editais específicos
[tem também o de cozinhar, passar, lavar louça ou roupa
A apaixonada disse: Com você príncipe, vou até o Piscinão de Ramos
A Maria Gasolina disse: a arte de passear de carro
A bêbada disse: Tem o exemplo do meu primeiro porre
[Esses dias eu lembrei da legalização do aborto no Brasil
A piriguete disse: o bundalelê foi tão perfeito
A forever alone: Coversei com três PMs que me abraçaram como nenhum garoto
A solteirona disse: Sigo o pessoal, faço cafezinho, lavo, passo, chamo de meu amor
A recém casada disse: Eu não aguento você todo dia!
A invejosa disse: às vezes eu imagino como seria horrível ter amigas maravilhosamente lindas
O acadêmico disse: parece importante, mas escreve a própria página no wikipédia
O gramático disse: Estou indo ao hospital da linguagem e já volto
O  professor de língua estrangeira disse: Não confie no google tradutor
O rico disse: a classe média sofre
O pobre disse: Adoraria vestir Prada, mas, infelizmente meu orçamento não é piada
O egocêntrico disse: Tenho respeito ao meu maior alterego
[no momento estou pensando em mim
O virgem disse: você viu? sua mãe era um real
O jogador de futebol tarado disse: sabe, você está colocando a mão na bola...
O depressivo disse: Queria criar coragem para voltar a sorrir
O descolado disse: Pessoas que têm vida interessante não têm fricotes
O velho disse: Gata, eu sou a pílula azul
O homem disse: procura-se mulher que seja imutável
O filho disse: minha mãe chegou e pensei "ela podia ser minha irmã"
[Freud explica

as máquinas já desenvolveram sua própria cognição
pra que serve a linguagem humana, então?


intertextualidade portuguesa

O poeta é um amador
Ama tão intensamente
que chega a amar a dor
que o outro deveras sente
No amor sofrido sente bem,
É o que lê, escreve e mente
e ama o que nunca teve,
fingindo ter o que não tem.
Assim pelo mundo roda
Gira, a confundir a razão,
o masoquista da moda
Machucando o coração

Aula de poesia


ao poeta Buzz Feed

O poeta foi às compras e no supermercado
havia 16 anúncios promocionais

1) frango bovino, 3.99
2) panetone pulmão, 11.49
3) em todas as aves frescas, 25% de desconto
            [exceto o coelho
4) queijo fudido sadia, 4.99
5) roupas de inferno infantil, 2.99
6) todos os produtos dessa mesa contém glúteos
7) coca-cola, 2.99 o kilo
8) creme dental colgate, 1.39
             [máxima proteção anticaspa
9) violenta, 3.99
            [a flor do amor modesto e leal
10) colchão inflamável multi-uso, 50% de desconto
        [não recomendável para fumantes solteiros
11) energético Flying Horse, lê-se: Flar Hauser 6.39
12) carrinho hot-wilson, 5.90
13) home-teacher apenas 899.00
14) contra-filé bovino maturatta, 25.99
                   [ friboy-magya
15) lava roupas tixan, 3.98
              [anti odor limão, 1kg
16) cerveja curacu, 1.89, para feliciânus

O poeta saiu sem nenhuma mercadoria
mas com o carrinho cheio de poesia.

7 de novembro de 2013

árvore

ela respira
ela expira
ela inspira
e pira
ao desnudar-se
de suas folhas.
é tempo novo!
veste camiseta
verde, calça
marrom, põe
brinco de cereja.
nos pés
rasteira de tiras
que a enraíza
ela sou eu.



6 de novembro de 2013

desgosto



importava-se com a opinião alheia
importava-se tanto que os comentários
a prendiam numa cadeia invisível
os outros a viam como adversária
e desde aquele agosto, tudo é suposto
sem ao menos dar-lhe o direito à palavra
ouve-se pelos corredores o cochicho
e enquanto uns dizem: "não liga pra isso."
a contragosto ela permanece submissa
à plateia que a trata como bicho
seu silêncio é como cilício para outros
mas incidem violentamente sobre ela
almejando destruir aquilo que imaginam
ser um artifício (que não é)
sobre o livro ela firma o compromisso
de ensurdecer-se, pois já está muda
deseja a paz, mas cuspam-lhe o rosto
sente-se incapaz de ignorar o que vê: risos
precisa de ajuda, uns escrevem: "esqueça-os"
mas a memória não permite, há imagem
o duplo desgosto é inexplicável, então
aceita o convite para o lugar imprevisto
lá, toca a placa que em braille diz:
"seja bem-vinda, você é amável".