11 de fevereiro de 2017

medo

às vezes me olho no espelho
aos poucos vou sentindo
a matéria, as vibrações
do meu corpo,
o correr do sangue nas veias
olho fundo nos meus olhos
me assusto.
se perguntam do que tenho medo
não sei o que responder,
talvez tenha medo de mim
sem a graça.
de olhar bem fundo, dentro de mim e
encontrar o que abomino.
tenho medo de perder a memória
medo da rejeição
medo de não ser a canção
que o outro precisa ouvir.
eu tenho medo de religiosos e
de deixar meu tempo ocioso.
medo de perder a linguagem e
dos meus pensamentos, que por vezes
se distanciam da verdade.
eu tenho medo da morte de quem amo,
mesmo sendo sobrevivente.
medo de não amar os vivos.
eu tenho medo do mundo não mudar e
de perder força ao longo do caminho,
medo da indiferença e
dos sonhos frustrados.
há quem tem medo
de que o medo acabe
o medo pode ser defesa,
mas o meu maior medo
é de que meus medos permaneçam.




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