22 de dezembro de 2016

purpurina

quando criança
amava purpurina
não tinha muita habilidade
com a cola,
saia da sala de aula
toda purpurinada.
passados poucos anos
disseram que purpurina
era coisa de homem
que beijava homem
mas diariamente
as meninas se abraçavam
e se beijavam.
as meninas, por sinal,
gostavam mais de purpurina
do que os meninos.
aos poucos a purpurina
saiu do cotidiano,
a sobriedade tornou-se lema.
tudo ficou preto e branco, mas
a purpurina ainda brilha, brilha, brilha
como uma luz,
existe luz que não brilha?
luz não é de menina ou de menino
ela é de todos.
atualmente duas meninas cantam
purpurinadas
dizem que essas meninas se beijam,
mas não há porque dar atenção
ao que dizem, tem gente que diz demais.
beijar é bom.
é bem bonito ver todo mundo brilhando.
quando tiver filhos
eles serão purpurinados,
mesmo que pareçam cheios de lêndeas
na cabeça, porque o que importa
não é o que está fora,
mas o que está dentro da cabeça.
brilhem.



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