7 de dezembro de 2016

a praça

pela praça ela passa
chora.
em 2008 na praça

seu amigo t. confessou ser gay.
a praça é um lugar de passagem,
não de prosa
.
quando criança, ela cruzava a praça
e tinha um chafariz
com uma pequena ponte,
todo dia ela atravessava.
à noite via moradores de rua
caçando peixes para comer
na água do chafariz,
eles pareciam índios.
historicamente, ali é o lugar dos índios,
uma tia casou na igreja indígena,
mas índios têm igreja? agora é museu.
na adolescência ela ia à quermesse,
quando o prefeito da cidade visitava
o lugar, encontrava todos na praça.
os que viviam ao redor da praça eram nordestinos
ou filhos de nordestinos
a praça era o lugar de evangelismo
na praça já não há chafariz
quando ela passa pela praça
os que a cumprimentam não sabem seu nome
quem a reconhece, conhece como neta dele.
a praça padre aleixo monteiro mafra,
conhecida como praça do forró,
toca a música da melancolia.
evoca o choro das memórias afetivas
de quem estava com ela em toda passagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário