13 de junho de 2014

coração


um coraçãozinho caminhava pela floresta encantada à procura de outro coração. o dia estava ensolarado e de tanto caminhar e suar, desfaleceu e caiu no sono. ao acordar, a tarde estava enegrecida, relampeava e o coraçãozinho se fechou de tanto medo. a chuva chegou e ele não tinha onde se abrigar. ouvia vozes que diziam para ele desistir, mas ele sabia que era muito triste ficar sozinho, então, com medo das águas e de uma possível enchente, levantou-se, cheio de coragem e partiu. bem lá no fundo, ele se lembrava daquele que lhe disse que o amor era como as quatro estações, havia tempos de flores, de chuva, de sol e sequidão. o coraçãozinho sofria muito e não sabia se todo o sacrifício valia à pena, afinal ele só conhecia o amor de ouvir falar, e no primeiro dia da sua jornada já estava tão desgastado... à noite foi se aproximando e o coraçãozinho foi ferido, não enxergou o enorme galho no meio da escuridão, então aquietou-se na sua solidão. foi quando outro coração se aproximou dele, e ele imaginou "é esse", e ao passar por ele, ao invés de o ajudar, fez o contrário, cravou um espinho bem grandão no peito do coraçãozinho. em lágrimas o coraçãozinho perguntou "por que você fez isso comigo?" e o outro coração respondeu: "para você desistir logo da jornada". de repente a luz da lua brilhou sobre o coração e o coraçãozinho percebeu que a cor desse coração já não era vermelha, era tão negra quanto o petróleo. o coraçãozinho perguntou-lhe "o que aconteceu?" e ele disse "eu encontrei o coração que procurava, mas ele me feriu, eu decidi perdoar, porque era bom, mas ele me feriu novamente, agora dedico-me a impedir que corações bons como você fiquem como eu". o coraçãozinho bem enfraquecido abraçou o coração enegrecido e o abraço foi tão longo, tão cheio de carinho, que aos poucos o coração foi se transformando, e o coraçãozinho foi morrendo. o coração desesperado perguntou "o que você fez?" e o coraçãozinho respondeu "eu te amei desde o momento em que ouvi os seus passos, com você veio a esperança e mesmo que tenha me ferido eu jamais lhe desejaria o mal, nem se eu tivesse todo o amor do mundo (que não conhecia) eu poderia transformar-lhe se no fundo você não fosse bom". o coração chorou com o coraçãozinho nos braços, pensou em tudo que tinha feito, todo esse tempo na floresta encantada. pensou que na verdade era pelo coraçãozinho que ele também procurou a vida toda e quando finalmente o encontrou ele estava morrendo por causa dele. mesmo com toda a lágrima do coração, o coraçãozinho não resistiu e de tanto sofrimento o coração partiu também. ambos vermelhinhos e de mãos dadas. quando outros corações passam porque aquele trecho, cheio de melancolia e tristeza, recordam-se do testemunho de amor do coração e do coraçãozinho.

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