2 de setembro de 2014

surpresa


eu dizia para a menina "deixe de ser romântica, os homens não são como nos contos de fadas." e ela sonhava. Lia tanto e imaginava... dizia que sim, existia um homem que lhe traria flores, por detrás das costas, e depois de um beijo cheio de amor, as entregaria, dizendo que ela era a mulher de sua vida. a menina acreditava veemente que esse mesmo homem, lembraria de todas as datas comemorativas e em cada uma delas faria algo diferente (nada que custasse muito caro), como pendurar balões no teto, com fitilhos amarrados às fotos deles. fotos não faltariam porque ele seria o tipo de homem que gosta de registrar cada momento, tornando-o único. eu dizia "menina, quanto mais sonha, mais iludida fica e quando acordar vai se frustrar". ela dizia que o amor era como uma plantinha, e eu dizia que era isso mesmo, o problema é que eu nunca vi um homem regar plantinha a não ser jardineiro. e ela ria de mim. não passou muito tempo e como uma profecia, tudo que eu dizia se cumpriu. a menina vivia fazendo pequenas surpresinhas e nada. vivia dando dicas do que queria e nada. e eu sentia saudade daquela menina que era sonhadora, pois ia ficando amarga, amarga, amarga. jamais diria a ela "termine com este rapaz" por que ele era singular. gentil. respeitável. amoroso. inteligente. trabalhador. o problema era essa coisa de menina que ela tinha. o que eu queria mesmo dizer a ela é "MUDE",  porque o que ela esperava não existia. pedir que um homem seja tudo isso e romântico é sonho e sonho é sonho, não realidade. de todo modo, eu não podia dizer-lhe isso, porque todas essas fofurices que criava e desejava tornavam-a singular também. enfim, disse a ela que entre ela e o mundo havia um descompasso, que se ela desejava viver todo esse sonho, bastava que ela dormisse pra sonhar de verdade e foi o que ela fez. o problema foi que a menina não acordou mais...

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