9 de março de 2013

Um coração mau

Dificilmente ela reflete sobre coisas sérias ou aparentemente. Só escreve quando sente. Hoje sente dor. Perseguiram alguém querido e de repente ela entende o que significa impotência. Durante a perseguição o desespero toma conta, então liga para o esposo, desvia de um carro, desvia de outro, mas a certeza do assalto é terrível. Não aparecem policiais. E em meio a tanta dor, as pessoas dormem. São 04:03 da madrugada. O telefone toca e ela acorda, atende e ouve "Me assaltaram, levaram tudo" e muito choro. Corre angustiadamente para abrir o portão, preocupada, pergunta "machucaram você?" e aquela aflição toma conta do ar. Liga para polícia, conta detalhes, mas as cenas se repetem fixamente como se não parassem de acontecer. O esposo retorna e a única coisa que sente é gratidão, ainda assim, está tudo bem. Diante desse cenário ela se pergunta por que alguns homens escolhem ter um coração mau? Famílias inteiras choram o assassinato, o sequestro, o estupro, a violência e hoje sua família chora o assalto.
Era o carro que levava o bebê à escola, que levava à aula de canto, à casa de amigos, às viagens, ao serviço, à igreja. E onde está o carro agora? Em algum desmanche, talvez.
Mais ainda há a esperança de que homens de coração mau escolherão ter um coração bom. Ainda há esperança. Sempre há esperança. Mas por enquanto há tristeza.

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