12 de novembro de 2019

confissão

todos temos medo, uns mais, outros menos.
dentre os meus, confesso ter medo de me expor e de não ser lembrada.
estou no processo de entender que não é possível ser tudo, somente inteira.
há poucos dias sofri profundamente pensando que sou apenas útil, mas não querida. 
todo dia eu penso que ser humano não tem valor monetário, mas o mundo em que vivemos insiste em nos coisificar, portanto tenho serventia, mas não gero afeto. olha que loucura! 
quanta dificuldade em ver beleza em mim, mesmo ciente de que ela vem de dentro para fora, e crer que as pessoas me amam exatamente como sou. 
quanta cobrança em ser mais engraçada porque ninguém suporta estar perto de quem só fala sobre assuntos sérios.
quanta dificuldade em me aceitar, não me comparar, me olhar no espelho e sorrir.
está complicado administrar o tempo. cuidar dos outros, sobretudo de mim.
não escrevo para aliviar ou para que alguém diga "mari, você é linda e querida!"
escrevo para me curar, para, quem sabe, gerar identificação com quem sente o mesmo.
insisto em me fazer perguntas que nunca terão resposta, como fazer a diferença na vida de alguém.
vez ou outra imagino como seria o mundo sem mim e como quem convive comigo se sentiria.
tenho a impressão de que sou quase mítica, quando o que eu quero ser é humana.
quando eu for mais generosa comigo já não haverá expectativas a serem satisfeitas.
a vida vai ficar mais bonita e as relações mais verdadeiras.

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