31 de dezembro de 2018

julgador profissional

O que faz uma pessoa julgar outra é o sentimento, mesmo que imperceptível ou negado, de que se é melhor que o outro em algum quesito. Porém, quem julga costuma esquecer que há muitos quesitos.
Eu sou um julgador profissional. Sim, eu conheço a metáfora de que uma mão cujo indicador aponta para o outro, consequentemente tem três dedos apontados para si, mas eu sou tão profissional em julgamentos, que não dou a mínima para isso.
Vou lhes dar exemplos. A filha do presidente, não é presidente, pode ser que ela não influencie nas decisões do governo, mas muitos que eu conheço querem ficar perto dela, inclusive eu - talvez, mais que julgador, eu também seja hipócrita -. Para me enganar começo a elencar os motivos pelos quais as pessoas querem estar perto da filha do presidente, nem considero a possibilidade dela ser uma pessoa incrível. As pessoas que querem estar perto da filha do presidente são: interesseiras, procuram se destacar não pelo que são, mas pelo "puxasaquismo"; elas são pobres, não têm dinheiro para comprar um carro, mas no cartão de crédito têm uma conta quase impagável no Uber só para mostrar ser o que não são, vulgo ricas. Se a filha do presidente gosta de criança, as pessoas que querem estar perto dela também gostarão de criança. Prefiro não imaginar quais são as vontades da filha do presidente... já pensou se ela quiser eliminar do país todos os pretos? Não vai faltar gente para ajudá-la. 
Ah, essa gente, não pensam antes de agir! Estão vendo como eu julgo bem?
Outro exemplo. "Quem não segue de volta nas redes sociais é prepotente". "Como assim me conhece há três anos, me vê todo dia e não me segue? Acha que é melhor do que eu?" Coitados. Sério, alguém me explica por que com todo esse vínculo as pessoas não te seguem? Três anos! Quando ouço isso eu respondo: você é trouxa, pobre e não é influente, por que alguém te seguiria? Em três anos você não foi competente o bastante para angariar likes, se vestir bem, viajar, ser engraçadão ou algo assim - percebem minha sensibilidade, né? Mas eu estou ajudando a pessoa abrindo seus olhos. O mundo virtual, com muita base no real é assim, as pessoas comentam que te amam e em seguida falam mal de você - vejam como vim ao mundo para julgar, faço isso muito bem.
Mais um exemplo, o último. Fim de ano: promessa. Sinceramente, é o período que eu mais me divirto. Todos se amam, só que não. É foto da família sorridente que brigou o ano inteiro ou nem se viu. É regime ou treinamento que não será cumprido. Casamentos que serão desfeitos, porque uns demonstram ser santos, mas são a própria lascívia. E se for pastor, ai dele se não tiver a vida perfeita! É gente ofertando para caridade, mas roubando dos pobres - à essa gente damos o nome de "político honesto" e ainda ressaltamos que "dessa vez será diferente". Como fim de ano é lindo!
Você deve me achar a pessoa mas horrível do universo, né? Mas fala sério, não se identificou nenhum pouquinho? Olha que o primeiro passo é reconhecer o que se é, parar de fingir toda essa doçura e mudar. Se for cristão principalmente. Foi o que eu fiz. Decidi escrever e prometi: ano que vem será diferente, e se você for a filha do presidente sua missão é me ajudar: não tire proveito disso e dispense seus seguidores.


(Mateus 7:1-8)